Texto: Rafael Dantas
Na capital baiana existem vários problemas nos bairros que ainda conseguiram, mesmo com o avanço urbano, preservar o pouco de verde e vida animal ainda presente. No caso do corredor da Vitória esse assunto está mais relacionado com suas velhas árvores, algumas seculares, que conseguiram atravessar as décadas mantendo sua grandiosidade. Como o conhecido caso da mangueira que fica em frente ao Museu Carlos Costa Pinto, só o seu tronco ocupa toda a calçada. Essas árvores representam um pedaço da história de um bairro e suas transformações urbanísticas e paisagísticas ao longo do tempo, verdadeiros símbolos do passar das décadas na região.
Breve História da ocupação no Corredor da Vitória
A ocupação da região hoje conhecida como Corredor da Vitória data desde o século XVI, mas é especialmente em finais do século XIX inicio do XX que o lugar começa a ganhar “novas caras” com a chegada de uma nova burguesia baiana que sai do centro antigo de Salvador em busca de lugares mais tranquilos e saneados em solo soteropolitano. No decorrer das décadas do século XX o “corredor” foi tomado por vários casarões que embelezavam os transeuntes da época, uma verdadeira vitrine. Com as transformações arquitetônicas e urbanísticas, além da monstruosa especulação imobiliária especialmente a partir da década de 60, os casarões deram lugar aos grandes edifícios residenciais, um processo cruel para o patrimônio que perdeu exemplares belíssimos de palacetes, chalés e grandes mansões ao longo do corredor. [Para ver o caso da demolição da mansão Wildberger, e outros casarões do Corredor da Vitória click aqui]
As poucas casas que resistiram representam o glamour, à beleza arquitetônica e a História de mais um momento no desenvolvimento da cidade do Salvador.
Mesmo com a beleza e importância tais casarões ainda são demolidos, um dos grandes absurdos da nossa atualidade.
Claro que com todo esse crescimento no bairro vários problemas, inclusive ambientais, acarretariam para a Vitória preocupações futuras. Ainda hoje, como já observamos, várias árvores conseguiram sobreveviver a essas transformações já que foram plantadas seguindo os planos urbanísticos da época (primeiras décadas do século XX).
Apesar de estarmos falando de um centro urbano e um bairro repleto de veículos e pessoas, ainda é possível encontrar animais silvestres. No meio das árvores passando pelos fios telefônicos nos postes, vários micos passam com suas famílias de um lugar para outro, indo de bairro em bairro, procurando comida ou uma árvore melhor para ficar. Fora esse exemplo devemos lembrar dos vários pássaros que todos os dias cantam nas copas das árvores na região.
Tal realidade lembra um fato importante. Antes da crescente ocupação do bairro toda a área era cercada de mata ainda com grandes árvores. As pessoas que passavam de barco no mar e olhavam para o futuro bairro da Vitória (corredor da Vitória), observavam toda a fauna e flora da região, principalmente na escarpa cheia de aves e vegetação, como descreveram alguns viajantes séculos atrás.
O exótico sendo devastado
Especialmente por causa da construção dos grandes prédios no local, a paisagem natural da encosta da Vitória deu lugar a vários píeres de prédios de alto luxo que acabaram parcialmente com o remanescente de mata. Acontece que para construírem esses píeres parte do verde da escarpa é derrubado para abrir passagem aos bondinhos ou escadarias que levam até o píer que fica embaixo, acarretando no corte de várias árvores - algumas seculares. Deve-se ressaltar que não são todos os prédios que possuem píer, e em alguns pontos da encosta ainda é possível perceber o quanto o espaço era e ainda é rico em verde.
Hoje quando vista do mar o Corredor da Vitória é infelizmente mais um emaranhado de “espigões”, do que um belo cartão de visitas de uma Bahia "exótica", que não existe mais.
Por fim entendemos o quanto importante são as áreas verdes e históricas existentes em cada bairro. No caso da Vitória com suas velhas árvores, cabe à comunidade preservar esse belo cartão postal da capital baiana e evitar que o pouco que sobrou do seus casarões e do verde da encosta vá embora por conta de uma danosa tentativa de modernidade.
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O destaque desta imagem vai para os caminhos que levam aos píeres dos prédios de luxo que tomaram o lugar da mata existente. No centro a polêmica Mansão Leonor Calmon, que foi abordada em artigo especial, clique aqui. Imagem: Encontrada no site OLX. |
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Imagens:
2: Encontrada no site Salvador Antiga:
http://www.salvador-antiga.com/vitoria/bonde-vitoria.htm
1, 3 e 4: Encontradas no Site Skyscrapercity:
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=408318
5: Encontrada no Site OLX. E uma versão no Site Skyscrapercity:
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1543990&page=3
*Atenção. A divulgação dos textos e imagens do Blog só pode ser feita com a devida referência do link, nome do autor dos artigos e nome do Blog. Atenciosamente Rafael Dantas.
2: Encontrada no site Salvador Antiga:
http://www.salvador-antiga.com/vitoria/bonde-vitoria.htm
1, 3 e 4: Encontradas no Site Skyscrapercity:
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=408318
5: Encontrada no Site OLX. E uma versão no Site Skyscrapercity:
http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1543990&page=3
*Atenção. A divulgação dos textos e imagens do Blog só pode ser feita com a devida referência do link, nome do autor dos artigos e nome do Blog. Atenciosamente Rafael Dantas.
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