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Manifestantes indo para o Iguatemi. Dia 22 de Junho de 2013. Imagem: Lúcio Távora | Ag. A TARDE. |
Rafael Dantas.
História UFBA.
História UFBA.
Depois de sairmos do Campo Grande (umas 15 horas) passando
pelo Vale do Canela, Garibaldi e ACM, chegamos (umas 17 horas) no Iguatemi. O
clima de paz e união da manifestação, que deve ter reunido mais de 15 mil
pessoas, foi quebrado por um combate covarde. Mais uma vez os acontecimentos do
20 de Junho de 2013 marcaram presença http://rafaeldantasbahia.blogspot.com.br/2013/06/manifestacao-salvador-memorias-do-20-de.html. Durante a longa caminhada encontramos um
grupo que vinha da região dos Barris falando que tinham sido reprimidos pela
polícia. E que outras manifestações estavam acontecendo em outros bairros de
Salvador. Segundo relatos de alguns dos manifestantes o que aconteceu nos Barris foi uma "caçada".
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Mapa do trajeto da manifestação em Salvador. Campo Grande/Iguatemi. Campo Grande/ Paralela. Campo Grande/ Barris. Dia 22 de Junho de 2013. Imagem: Blog Rafael Dantas, Bahia. |
A manifestação que saiu do Campo Grande as 15 horas parou em
frente ao Shopping Iguatemi - que foi um grande erro em minha opinião. A ideia
surgiu de um grupo que estava na frente da manifestação. Muitos queriam
continuar (Paralela, Tancredo Neves), outros seguir um novo destino, ou
discutir alguma coisa (como os motivos da manifestação); mas o que fizemos foi
ficar parados e cantar o Hino Nacional. Assim ficamos por alguns minutos, até
percebemos alguns pequenos tumultos de grupos isolados. Falaram que parte dos
manifestantes queriam fechar a outra pista da ACM, e a Choque não deixou, começando
o confronto. Outros disseram que uma pessoa (não sei se era ou não um
manifestante) jogou uma bomba em direção a PM.
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Manifestantes na frente do Iguatemi. Dia 22 de Junho de 2013. Imagem: Lúcio Távora | Ag. A TARDE. |
De uma hora para
outra um nevoeiro de gás e bomba de mil, modificou a realidade pacífica da
manifestação. Várias pessoas tentaram se refugiar em frente ao Iguatemi, (que
fechou as portas) enquanto outros correram para a garagem do Shopping, para a
encosta do Caminho das Árvores, para a ACM ou em direção a Paralela. O Iguatemi
parou.
Estava na frente do Iguatemi quando as bombas e o gás
obrigou que saíssemos correndo. Várias pessoas ficaram sem ar, inclusive eu, e
corremos para o Capemi, em um quase cenário de guerra. Durante uma hora ou mais esse foi o desfecho
da manifestação.
Enquanto estávamos refugiados na encosta do Caminho das Árvores,
ouvimos as mais diversas histórias que relatavam as cenas de violência, a contrariedade da depredação,
a necessidade de continuar as manifestações; e a revolta dos manifestantes com parte
da imprensa que considera os manifestantes como baderneiros ou vândalos.
Quando percebemos que a situação estava mais “tranquila” saímos
da encosta do Caminho das Árvores (atrás do Shopping Iguatemi) e voltamos para
a Avenida ACM. Nesse momento encontramos
um grupo de manifestantes, que acompanhou todo o percurso, relatando os vários interesses
partidários de alguns dos envolvidos na manifestação e nas discussões realizadas
no Passeio Público. Um manifestante que estava nos Barris também afirma que um grupo quis dividir a manifestação.
Seguimos para a ACM quando inesperadamente encontramos um grupo de manifestantes (uns 200) vindos do Campo Grande. Mesmo sendo um grupo menor, portanto mais vulnerável a um ataque da polícia, a organização e a paz marcava presença. Acabamos indo com esse grupo em direção a Avenida Paralela. Durante todo o longo percurso, o grupo mostrou sua força sem NENHUM ato de violência ou depredação, assim como na primeira manifestação. Exceto no pós confronto no Iguatemi, onde foram registrados atos de depredação.
A Avenida Paralela parou.
Seguimos para a ACM quando inesperadamente encontramos um grupo de manifestantes (uns 200) vindos do Campo Grande. Mesmo sendo um grupo menor, portanto mais vulnerável a um ataque da polícia, a organização e a paz marcava presença. Acabamos indo com esse grupo em direção a Avenida Paralela. Durante todo o longo percurso, o grupo mostrou sua força sem NENHUM ato de violência ou depredação, assim como na primeira manifestação. Exceto no pós confronto no Iguatemi, onde foram registrados atos de depredação.
A Avenida Paralela parou.
Seguindo pela Paralela encontramos o outro grupo de
manifestantes (acredito que faziam parte da primeira manifestação) que tinham
tomado a pista da Avenida Paralela sentido ACM.
O encontro foi emocionante. A Paralela estava tomada! por
pessoas lutando por um país melhor. Tudo na maior paz!
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Manifestantes ocupam a Avenida Paralela no sentido ACM. O fogo da barricada foi apagado em seguida pelos próprios manifestantes. Imagem: Pablo Reis. Bahia Todo Dia. |
Na Avenida Paralela, próximo a Odebrecht, os dois grupos fizeram
uma barricada bloqueando o trânsito nos dois sentidos. Por volta de umas 21 horas, eu e mais dois
amigos, Silvio dos Reis e Macio Ventura, decidimos voltar para o Iguatemi
(tentar pegar um ônibus). A ideia do grupo era bloquear o trânsito até mais ou
menos 21h40min; fazendo intervalos de 5, 20 minutos, dando passagem para os
carros.
Na volta para o Iguatemi, ainda na Paralela, encontramos uma
equipe da TV Bahia, com a repórter Georgina Maynart. Ela nos perguntou o que
tinha acontecido, e falamos que a manifestação que foi até a Paralela, aconteceu na maior tranquilidade
sem NENHUM ato de vandalismo ou depredação; depois disso a equipe continuou
indo em direção a manifestação.
Já no Iguatemi percebemos que o trânsito estava normal, provavelmente a manifestação tinha acabado.
Já no Iguatemi percebemos que o trânsito estava normal, provavelmente a manifestação tinha acabado.
A manifestação do sábado mostra que não podemos parar o
movimento. Mas infelizmente está ficando visível que algumas pessoas, grupos,
estão tentando dar outro sentido nos protestos. Falam de infiltrados da polícia,
de partidários do governo, de bandidos, e por ai vai. Tudo isso começou de
forma livre, espontânea, e ganhou projeção imaginável. Nesse momento temos que
ter muito cuidado, com os grupos que estão surgindo, ou tomando direta ou indiretamente
a liderança das manifestações. Vamos ficar atentos (não paranoicos) a quem está
segurando os megafones, quem fica a frente das manifestações, etc. Essas manifestações
podem fazer com que esse “gigante” dê uma nova cara para o Brasil, assim como
pode direciona-lo para um abismo de interesses, onde mais uma vez perderemos.
Agora que começamos não podemos parar. O momento é de união. E quando cito união é de todos os brasileiros, claro, inclusive a Polícia. Não podemos buscar inimigos, a violência, a desunião, e não buscamos, por mais que queiram assim divulgar. Se não compreendermos o poder que temos, em nada adiantará correr tanto e morrer na linha de chegada.
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*Atenção. A divulgação dos textos e imagens do Blog só pode ser feita com a devida referência do link, nome do autor dos artigos e nome do Blog.
Atenciosamente Rafael Dantas.